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Mãe da jovem baleada no Rio afirma que agentes da PRF só prestaram socorro após intervenção de policial militar

  • Foto do escritor: Eduardo Araujjo
    Eduardo Araujjo
  • 26 de dez. de 2024
  • 3 min de leitura

Era apenas mais uma família a caminho da ceia de Natal. Deixavam Belford Roxo, na Baixada Fluminense, onde moram, e iam para a casa de parentes em Itaipu, Niterói. Pouco antes das 21h, na Rodovia Washington Luís (BR-040), na altura de Duque de Caxias, o carro com cinco pessoas — e um adesivo onde se lê “Deus é fiel” no vidro traseiro — foi alvo de tiros disparados por agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que o perseguiam. Ao volante, Alexandre da Silva Rangel, de 53 anos, foi atingido na mão esquerda. A seu lado, no carona, estava sua mulher, Deyse Rangel, de 49. No banco de trás viajavam dois filhos do casal, a agente de saúde Juliana Leite Rangel, de 26 anos, e seu irmão mais novo, de 17, além da namorada dele e de um cachorrinho.


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Dos 30 tiros que a família diz terem sido desferidos contra o carro, um atingiu a cabeça de Juliana: ela está internada, em “estado gravíssimo”, segundo nota da prefeitura de Duque de Caxias, no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. Deyse, mãe da jovem baleada, conta que os agentes da PRF só ensaiaram algum socorro após a intervenção de um policial militar: foi ele quem constatou que Juliana ainda estava respirando.


— Quando paramos, eles viram que fizeram besteira. Aí, do nada, uma patrulha da PM apareceu, perguntou o que estava acontecendo, e um policial pediu para checar a minha filha. Ele falou para mim que ela ainda estava respirando. Os agentes da PRF não fizeram nada, não tentaram socorrer, ficaram perdidos andando de um lado para o outro. Depois disso, eles botaram a Juliana no carro e a levaram para o hospital — lembra ela. — Vi a minha filha com a cabeça coberta de sangue. Eu me desesperei na hora, só sabia gritar. Fui para cima dele (agente da PRF) e falei: “Você matou a minha filha, seu desgraçado”. Ele deitou no chão, começou a se bater, pulando, mostrando que fez besteira.


Em coma induzido


No hospital, a médica intensivista Juliana Paitach confirmou que a situação da vítima é gravíssima, porém estável. Juliana já passou por cirurgia e segue no pós-operatório. Desde que foi atendida, não teve piora do quadro:


— Ela está sedada, em coma induzido, para que possa receber toda a medicação, ficar num padrão estável e o cérebro ter tempo de reduzir o edema. Ela passou pela cirurgia logo que chegou e o projétil foi retirado. Está seguindo agora no pós-operatório, esperando uma estabilidade melhor para repetir alguns exames. É uma paciente jovem, atendida com rapidez, que tem tudo para evoluir, mas não temos como saber como ela vai ficar.

Em entrevista à Rádio CBN, Alexandre disse que os agentes da PRF atiraram contra o carro quando ele tentava encostar.


— Eu estava vindo na Washington Luiz, ligaram a sirene e eu liguei a seta para encostar e já foram metendo bala no meu carro. Acertou um tiro de fuzil na cabeça da minha filha. A bala que atingiu ela pegou no meu dedo. Meu carro todo cheio de bala, sem eu fazer nada. Ainda falaram que fui eu que atirei — afirmou. — A gente foi passar o Natal na casa da minha outra filha. Estávamos com a ceia toda no carro. Olhei pelo retrovisor, vi o carro da polícia e até dei seta para eles passarem, mas eles não ultrapassaram. Aí começaram a atirar, e falei para os meus filhos deitarem no assoalho do carro. Eu também me abaixei, sem enxergar nada à frente, e fui tentando encostar. O primeiro tiro acertou nela. Quando paramos, pedi para o meu filho descer do carro, então olhei para Juliana: ela estava desacordada, toda ensanguentada, tinha perdido muito sangue. Eles chegaram atirando como se eu fosse um bandido.


Na manhã de ontem, os policiais rodoviários prestaram depoimento na divisão da Polícia Federal de Nova Iguaçu. Mais de 12 horas após o episódio, a PRF emitiu nota informando que a Corregedoria-Geral da corporação determinou a abertura de um procedimento interno. O documento também diz que os agentes envolvidos foram afastados “preventivamente de todas as atividades operacionais” e que a “PRF lamenta profundamente o episódio”. A PF determinou “a apreensão das armas para análise pela perícia técnica criminal”.

 
 
 

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